domingo, 13 de agosto de 2017

A chegada de meu primeiro filho!

       
          E, finalmente o dia chegou. Eu estava prestes a ver a carinha do meu primeiro bebê. Tão desejado, esperado, tão..... tão querido e já amado bebê. 

                  Nasceu !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

          Não agüentei de tanta emoção. Parecia que sentia uma dor profunda e, ao mesmo tempo, não sentia dor. Uma sensação realmente indescritível.  Ouvi o choro de meu filho! Que som maravilhoso! Recebi meu primeiro beijo de mãe. Era meu marido que me presenteava com sua emoção também!

          No instante em que foi colocado perto de meu rosto eu pude falar com ele e dizer o quanto eu estava feliz por ele ter chegado e o quanto eu o amava desde sempre. Então ele parou de chorar e eu não contive mais minhas lágrimas de felicidade e plenitude materna. Desabei e desabafei toda a emoção contida por quatro anos inteiros de espera.

         Que intensidade, que beleza, que sentimento mais difícil de se descrever.  Já havia ouvido muitas vezes que a maternidade era algo difícil de se explicar que só uma mulher, após ter sido mãe, poderia entender tal sentimento. E é a mais pura realidade. Esta é uma emoção absolutamente fantástica, intensa, pura, sublime e maravilhosa.

          Tudo havia corrido muito bem.......  gestação, pré-natal, parto, acompanha-5mento pediátrico..... tudo, tudo muito bem.  Porém por volta dos 6 meses comecei a perceber que meu bebê não se assustava com os barulhos altos, então comecei a provocar barulhos com a intenção de testar a audição dele. As respostas porém, não chegavam. Eu aumentava gradativamente a altura dos barulhos e ainda assim meu filho não se virava nem demonstrava alteração em seu comportamento. Fiquei muito assustada e temerosa. Comecei a bater panelas e mesmo assim ele não olhava para mim! Um sentimento terrível e muito angustiante tomou conta de mim. Foi então que resolvi fazer um último teste em casa e bati a porta do meu quarto com toda a força de que era capaz, rezando e pedindo a Deus que meu filho tivesse uma reação que demonstrasse ter ouvido aquele som tão forte mas.............NADA!!  Não houve nenhuma reação, nem o mínimo piscar dos olhos, nenhum sobressalto........absolutamente NADA!!!!

          Fomos ao pediatra, contamos nossa suspeita. Ele fez alguns testes e também ficou muito surpreso com a falta de resposta. Então o pediatra nos indicou o nome de três médicos otorrinolarin-gologistas de renome para ouvir a opinião deles. Eles também fizeram alguns testes no consultório e também não percebemos nenhuma reação. Foi solicitado um exame mais moderno daquela época, similar ao Bera atual (que não existia no Recife). Fomos ao exame........remédio para dormir, colocação de fios, 2 assistentes, o médico, testes com o computador, checagem.........me senti muito angustiada. 

          Após uns 30 minutos com testes e retestes o médico anuncia sua conclusão da forma mais fria, cruel, seca e incrivelmente impaciente, jamais imaginada por ninguém:  seu filho não escuta nada, seu filho é surdo e nunca vai ouvir, nem falar e nem se comunicar!!!!!  Mas, como assim?? O senhor tem certeza?? Não tem nada que a gente possa fazer??  E a resposta impaciente e crua foi repetida ainda mais enfaticamente: NÃO HÁ NADA PARA FAZER, ELE É SURDO TOTAL, NÃO OUVE E NÃO VAI FALAR.

          O chão abaixo de meus pés se abriu, as pessoas ao meu redor desapareceram, eu não ouvia mais nada nem ninguém, apenas ressoava em meus ouvidos a frieza quase prazerosa da voz daquele médico monstruoso e insensível: ele é surdo, nunca vai ouvir, nem falar, nem se comunicar, nada para fazer, surdo total!!!!!! Saí daquele inferno completamente destruída, me perguntando o que eu tinha feito de errado, por que isto estava acontecendo, por que meu filhinho querido teria que ser assim, por que com ele, por que comigo, por que, por que, por que..... 

          Chorei por horas me questionando por tudo, revivendo cada passo da gestação à procura de um erro meu. Não conhecia ninguém que tivesse um caso de surdez na família, então me senti mais culpada ainda. Derramei todas as lágrimas que existiam dentro de mim, chorei até arder minha garganta, chorei com desespero, chorei questionando Deus, chorei pedindo uma explicação, chorei até perder todas as forças do meu ser, de ficar tão cansada que nem conseguia mais pensar. Quanta dor!! Quanta angústia!! Quantas incertezas!!  E agora?? Meu bebezinho lindo com apenas 7 meses de vida....... E agora?

           Bem......agora era a hora de parar com as perguntas e começar a ir em busca de novas respostas, de outros médicos, de soluções, de torcer e rezar para que outros médicos dessem outro diagnóstico. Não podíamos ficar parados, não ficaríamos parados. Era a hora de levantarmos a cabeça, encararmos as dificuldades e nos prepararmos para todas lutas que pudessem vir.

         Pedimos aos otorrinos que nos indicassem um profissional que pudesse fazer exames mais específicos para termos a certeza absoluta do diagnóstico. Coincidentemente, todos os três médicos nos indicaram um conceituadíssimo otorrinolaringologista em São Paulo, Professor Doutor da Universidade de São Paulo - USP e que seria o profissional mais indicado para concluir o diagnóstico.

          Portanto, assim nos preparamos para uma nova etapa,  com muito amor por estar com nosso filhinho em nossos braços, cheio de saúde, sorrisos e vivacidade  preenchendo nossa vida e com toda a esperança do mundo em obter uma resposta melhor, com o sonho de um diagnóstico favorável.

          
          Cynthia


11 comentários:

  1. Amiga e mãe, guerreira combativa. Exemplo de quem não desiste no primeiro obstáculo, mas insiste de forma obstinada em busca de possibilidades vitiriosas!

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  2. Amiga querida, sua colocação foi perfeita: insistimos de forma obstinada em busca de possibilidades vitoriosas pois sempre acreditamos que com esforço e dedicação haveríamos de ver nossos filhos vencerem.
    Obrigada pelo carinho sempre especial.

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  3. Cinthia, você tem muito a contribuir com tua vivência e experiência nessa temática: dificuldades de audição ou surdez. Colocar essa experiência a serviço do outro é fantástico!

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  4. Puxa, Mônica!
    Muito obrigada pela visita e, principalmente, pelo incentivo!
    Espero sinceramente dar confiança às famílias de que pode existir um futuro promissor para todos, inclusive para os surdos!
    Um abraço
    Cynthia

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  5. Cynthia, me sinto maravilhada com seu relato, porque tenho certeza que trará incentivo e força para outras mães, que com certeza irão buscar no seu depoimento garra e a certeza de que obstáculos podem ser vencidos.
    Mais uma vez, parabéns pela iniciativa.

    Um beijo

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    1. Oh, Carla!
      É exatamente este meu objetivo, mostrar que há muitos e muitos obstáculos mas que com perseverança, paciência, amor e respeito todos poderão superar as dificuldades e construir um excelente futuro.
      Mais uma vez obrigada pelo carinho e apoio.
      Beijo grande

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  6. Maravilha meu grande amor essa sua iniciativa vai ajudar muitas famílias e com certeza tirar muitas dúvidas dessa grande camiada. Bravo !!!!

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    1. Obrigada, meu amor!
      Espero sinceramente dar forças e coragem aos pais e fazê-los acreditarem que sempre há um caminho que levará estas crianças à superação e um bom futuro! Que nossa caminhada possa ajudar muitos!

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    2. Você tem toda a minha admiração !!! Bjsss

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