quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A escolha do primeiro aparelho

          Enfim, começamos mais uma peregrinação em busca de informações mais detalhadas e precisas. Não teríamos nunca a certeza absoluta de que nossa escolha era a melhor pois não tínhamos o suporte médico nem técnico dos exames para nos trazer esta segurança e confiança em relação ao aparelho auditivo que deveríamos optar.

          Apenas por instinto seguimos em busca dos locais que vendiam os aparelhos naquela época. Era preciso fazer novas audiometrias e fazer os moldes das orelhinhas (colocar uma massinha no ouvido para fazer o acrílico que seria usado dentro da orelha). A cada audiometria realizada ainda surgia em nós o sentimento mais resistente e inexplicável: a esperança! 

          Sentava com ele em meu colo para fazer a audiometria, a cada som emitido pela fonoaudióloga olhava para ele com um misto de súplica e medo da dura realidade; e desejava, rezava, pedia a Deus para perceber nele qualquer reação, a mínima que fosse! Mas apenas o amor que sentia por nosso filhinho era maior que a dor ao ter a confirmação da ausência de sons para ele.

          E, ao final de uma longa tarde entre exames e diálogos com fonoaudiólogos, foi indicado um aparelho para ele. Haviam alguns aparelhos nesta firma para serem testados por isto pudemos sair da clínica já com o primeiro aparelho auditivo para o nosso bebê.

          Não estava sendo nada fácil conviver e digerir tantas novidades: molde, aparelho, surdez e ainda teríamos que passar pela adaptação ao uso deste aparelho auditivo. O aparelho era grande devido ao nível de surdez (quanto maior a surdez maior o AASI - Aparelho de Amplificação Sonora Individual ou, simplesmente, Aparelho Auditivo). Destacava-se na orelhinha pequena de nosso bebê e devia incomodá-lo muito pois ele ficava agoniado quando era colocado nele, se agitava, chorava e olhava para nós num pedido subentendido de ajuda.

          Ah! Quanta aflição! Nada fácil a tarefa de tranquilizar um bebê de apenas 1 ano e 2 meses, aproximadamente, nas centenas de tentativas de colocação dos aparelhos nos ouvidinhos dele. Paciência e persistência foram minhas companheiras fundamentais nestes momentos. Brincadeiras, distração, palhaçadas, livrinhos e muitos brinquedos eram minhas peças-chave para que ele desviasse sua atenção dos aparelhos para as brincadeiras e assim conseguir que ele esquecesse que tinha aquelas peças tão desproporcionais e pesadas em suas orelhinhas lindas.

          Foram muitos e muitos dias insistindo e persistindo. Um dia conseguíamos que ele usasse por 2 ou 3 minutos, no dia seguinte felizes por conseguirmos 14 minutos, no outro dia ficava impaciente e não havia nada que despertasse sua atenção senão os aparelhos que lhe incomodavam então ele não permitia que colocássemos. Daí vinham outros dias melhores, e outros, e outros e, um dia conseguimos vê-lo usando os AASI por quase 5 horas inteiras....... Estávamos conseguindo! Que alegria!!!

          Daí, começava agora uma nova etapa: sons e estímulos! 
  
          Quanta coisa EU tinha para aprender! Quanta novidade tão distante de minha realidade e conhecimento! Quanto EU precisava aprender deste novo mundo tão pouco conhecido por nós! Mas o amor é a chave de ouro que abre portas e nos dá força, coragem e determinação para vencer qualquer obstáculo, principalmente, quando é para dar o melhor para nossos filho amado.